terça-feira, 11 de dezembro de 2012

MATA ATLANTICA


ÍNDICE

APRESENTAÇÃO
1.INTRODUÇÃO
2.CARACTERIZAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA
3.ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA
4.INTERAÇÃO DOS ANIMAIS COM A FLORESTA
5.AÇÕES DO HOMEM CONTRA A MATA ATLÂNTICA
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APRESENTAÇÃO

Deparamo-nos hoje com uma crise que ameaça a todas as formas de vida. O homem vem provocando o esgotamento dos recursos naturais e deteriorando as últimas áreas preservadas, o que torna a vida na Terra insuportável. A Mata Atlântica vem sendo destruída de maneira acelerada nos últimos 50 anos para dar lugar à expansão da agricultura, reflorestamentos, agropecuária e exploração imobiliária. Mananciais hídricos estão sendo degradados por esgotos, agrotóxicos, resíduos domésticos e industriais. Tudo em busca do lucro fácil, sem compreender que a conta que ficará para as gerações futuras.

O ser humano ainda resiste a toda essa destruição, porém já possível perceber sinais de enfraquecimento. O sofrimento das populações afetadas pela falta d’água em períodos de estiagem é apenas um exemplo da fragilidade do ser humano e demonstra claramente que nossa geração já está pagando um preço muito alto pelos erros cometidos no passado. Mas há uma diferença: no passado, não tínhamos tanta noção das conseqüências da devastação como temos hoje.

É preciso parar e refletir sobre todas essas ações. O que pretendemos deixar para as futuras gerações? Estamos sendo éticos ao destruir tudo, não deixando nada para elas? Temos o direito de negar a vida a toda essa fantástica biodiversidade do mundo tropical? Temos o direito de deixar para as gerações futuras um planeta arrasado? Está em nossas mãos não apenas a conservação das últimas áreas da mais exuberante floresta tropical do planeta, mas o destino de nossa própria espécie.

Esta cartilha tem como objetivo principal informar à comunidade sobre a importância de conhecer a Mata Atlântica da região, seus ecossistemas e toda sua biodiversidade para aprender a valorizar esse admirável patrimônio, essencial para a vida de todos.

As fotos aqui apresentadas foram feitas na região, recentemente. Algumas imagens são belas, mas outras, nem tanto. É muito triste constatar que estas imagens de cenários de destruição foram as mais fáceis de se obter.

1 -INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica corresponde a uma estreita faixa de florestas ao longo da costa brasileira, estende-se desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

Considerada um dos mais importantes ecossistemas do mundo, a Mata Atlântica protege e regula o fluxo dos mananciais hídricos que abastecem as principais metrópoles do País e centenas de cidades, controla o clima local, garante a fertilidade do solo e a extraordinária beleza de suas paisagens, sobretudo nas regiões da serra do Mar, é um forte atrativo para atividades de ecoturismo.

Suas florestas exibem uma grande diversidade de espécies vegetais e animais, muitos deles endêmicos, isto é, que existem apenas neste ecossistema. Infelizmente estas espécies da flora e fauna encontram-se sob constante ameaça de extinção.

Conhecido nacional e internacionalmente por suas belíssimas paisagens e pela rica biodiversidade, este ecossistema é considerado, hoje, um dos mais ameaçados.

Sua área original, antes grandiosa, encontra-se restrita a alguns remanescentes já bastante fragmentados, vestígios do ecossistema original, que embora aparentemente protegidos pela topografia acidentada da serra do Mar, continuam sendo destruídos para reflorestamento de espécies exóticas (pinus e eucalipto), atacados pela extração ilegal de palmitos e sua fauna vem sendo dizimada por caçadores, o que em curto espaço de tempo, pode levar a seu completo desaparecimento.

O futuro da mata Atlântica depende da preservação dessas áreas remanescentes, permitindo assim a manutenção da qualidade da vida humana.


Figura 1.1 Mata Atlântica - Restam apenas fragmentos, vestígios do que foi esta majestosa floresta tropical, em áreas de difícil acesso. Estas barreiras naturais salvaram, por enquanto, essas áreas da ação predatória do homem como mostra esta imagem da serra do Mar, em Corupá (SC). Contudo, essas barreiras naturais não impedem a ação criminosa de caçadores e palmiteiros.


2 - CARACTERIZAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA

Pode-se imaginar a Mata Atlântica como sendo estruturada em camadas. Cada uma destas camadas pode ser um hábitat específico para determinadas plantas e animais.

É importante ressaltar que tanto nas árvores mais altas como nas mais baixas, encontram-se várias outras espécies de plantas, tais como cipós, bromélias e orquídeas.

As folhas que caem das árvores, bem como os galhos secos que se desprendem e os troncos das árvores que morrem vão se acumulando no chão da floresta e criam um ambiente muito especial, que se constitui no hábitat para muitos animais e microorganismos, como fungos e bactérias, que são os principais responsáveis pelo processo de decomposição de toda esta matéria morta, que são transformados em nutrientes para manter o vigor e crescimento das árvores e outras plantas. Esta camada de materiais em decomposição recebe o nome de serapilheira.

A serapilheira tem também uma importante função de proteger o solo da floresta: evita a erosão e mantém a umidade. O solo úmido absorve melhor a água das chuvas, o que torna possível a recarga do lençol freático, evitando que as nascentes sequem.

Certas espécies de répteis e anfíbios têm uma adaptação especial para ocupar esta camada da floresta: apresentam uma coloração que se confunde com o ambiente das folhas secas, tornando-se assim “invisíveis”. É uma estratégia de defesa contra ação de predadores.


3. ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA

A temperatura, a freqüência das chuvas, a altitude, a proximidade do oceano e a composição do solo determinam as variações de vegetação que definem os diferentes ecossistemas que constituem a Mata Atlântica.

Certos animais têm adaptações para viverem em apenas um desses ecossistemas, isto é, num ambiente com determinadas características. A diversidade biológica (biodiversidade) de todos os ecossistemas ou em apenas um deles é considerável.

Esses ecossistemas recebem denominações como: Floresta Ombrófila Densa, Floresta de Araucária ou Ombrófila mista, Campos de Altitude, Restingas e Manguezais. Na região norte de Santa Catarina ocorrem todos estes ecossistemas. Como há vários tipos de ecossistemas e subdivisões desses, as denominações podem variar de um texto para outro.


3.1 FLORESTA OMBRÓFILA DENSA

Floresta grandiosa e heterogênea, de solo bem drenado e com grande fertilidade, é caracterizada por apresentar árvores de folhas largas, sempre-verdes, de longa duração e mecanismos adaptados para resistir tanto a períodos de calor extremo quanto de muita umidade. Sua vegetação apresenta altura média de 15 metros, mas as grandes árvores chegam a atingir até 40 metros. O grande número de cipós, bromélias, orquídeas e outras epífitas (plantas aéreas) que se hospedam nas imponentes árvores dão a esta floresta um caráter tipicamente tropical.

Uma grande diversidade de espécies de plantas é encontrada na Floresta Ombrófila Densa, entre elas destacam-se as canelas, o palmiteiro, as figueiras, o coqueiro-jerivá etc.

Diversas espécies de invertebrados, anfíbios, répteis, aves e mamíferos são encontrados neste ecossistema.

A principal ameaça da Floresta Ombrófila Densa é o desmatamento que visa transformar as áreas remanescentes em espaço para a agricultura, a agropecuária, reflorestamentos e loteamentos.



3.2 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA OU MATA DE ARAUCÁRIA

Outra formação florestal da Mata Atlântica é a Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária, localizada principalmente na região Sul. O clima é subtropical, com chuvas regulares o ano todo, e temperaturas relativamente baixas.


Nesta floresta predomina uma espécie de árvore, o pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifólia), conhecida também por araucária, que pode atingir até 50 metros de altura. Outros exemplos de árvores que ocorrem neste ecossistema são: imbuia, erva-mate, bracatinga, gavirova (ou gabirova), tarumã, pessegueiro-bravo, cedro, vassourão e a canela-sassafrás.


Quanto a fauna da Floresta Ombrófila Mista, podem ser encontrados roedores (ratos, cutias e pacas), aves ameaçadas de extinção como a gralha-azul e o papagaio-de-peito-rocho, além de inúmeros insetos. A semente da araucária, o pinhão, é muito apreciada pela fauna em geral e se constitui numa fonte de alimento essencial para o seu sustento.

A ameaça de extinção de algumas espécies desse ecossistema, como a gralha-azul e o papagaio-de-peito-rocho, pode ser atribuída à escassez do pinhão. Para agravar a situação, as pessoas vêm coletando o pinhão para comércio, já que é muito apreciado também pelos humanos. Quando as pinhas - que agregam os pinhões, que são os fruto da araucária - estão ainda verdes são furtadas das áreas de preservação, não deixando nada para a fauna que acaba perecendo de fome.

Infelizmente, esse ecossistema está ameaçado de extinção, devido à exploração da madeira e pela substituição de sua área de domínio pela agricultura e reflorestamentos de pinus e eucalipto. Em Santa Catarina, restam menos de 1% do ecossistema original e a destruição continua intensa.


Já a araucária é ainda bastante comum de ser observada nas propriedades, devido ao fato das pessoas gostarem muito do pinhão. A abundância das sementes produzidas que germinam facilmente, colabora muito para a perpetuação da espécie. Além disso, em área aberta, num solo de boa fertilidade, em apenas 13 anos uma araucária já produz sementes (pinhões).

A araucária é uma árvore que só se desenvolve bem em áreas abertas, ou seja, é uma espécie pioneira (isto é, a primeira a desenvolver em áreas desmatadas). Por isso, é difícil sua regeneração numa floresta onde ocorreu sua extração nas últimas décadas, o que causa um grave impacto na fauna, pois a oferta de pinhão durante um certo período do ano é crucial para a sobrevivência de muitas espécies. Os pinhões cobrem uma lacuna na oferta de alimento na floresta. Evidentemente, outras espécies de árvores são igualmente importantes.


O fato de ser uma árvore apreciada pelo homem, este acaba provocando seu adensamento (artificial) em certas regiões, o que acaba não contribuindo muito para a conservação da biodiversidade, para a qual seria necessária uma floresta com uma maior diversidade de espécies de árvores, arbustos, cipós etc. É muito comum os proprietários suprimir todas as outras espécies de árvores de grande porte e as espécies de vegetação do sub-bosque, o que aniquila com quase toda a fauna.


3.3 CAMPOS DE ALTITUDE

No alto de serras, em geral acima de 900m, ocorrem formações conhecidas como Campos de Altitude. Na serra do Mar da região norte de Santa Catarina, no município de Garuva principalmente, temos a ocorrência deste ecossistema.


A camada do solo é bastante rasa e pedregosa de modo que somente plantas de pequeno porte conseguem se desenvolver, vegetação rasteira em geral, predominando as gramíneas, formando extensos campos naturais. Já entre as montanhas, onde a camada de solo é mais espessa e mais úmida devido ao acúmulo das águas das chuvas que escoa das partes mais altas (formando as nascentes), ocorrem áreas com floresta constituída por árvores de grande porte. Essa mata recebe o nome de floresta de galeria. Esses locais oferecem condições para abrigar uma diversificada fauna de mamíferos e aves. Nascentes de rios importantes, como o rio Quiriri (afluente do rio Cubatão) que abastece Joinville, localizam-se nos Campos de Altitude.


Após as chuvas, as águas escoam rapidamente para as partes mais baixas deixando o solo (que já é bastante pedregoso, de fácil drenagem portanto) sempre seco. Neste ambiente seco, de solo bem drenado, combinado com os ventos fortes e constantes as plantas desenvolveram adaptações especiais. Uma dessas adaptações são tubérculos, conforme mostra a foto abaixo (Fig. 3.14).


As condições adversas proporcionaram o surgimento de muitas espécies endêmicas (exclusivas) nesse ecossistema, sobretudo de flora. É impressionante a beleza e variedade das flores encontradas, que possuem valor ornamental indescritível.

Diversos tipos de liquens são encontrados sobre as rochas, além de bromélias, orquídeas e samambaias e muitas outras espécies de plantas. Observa-se que o principal mecanismo de dispersão das sementes das plantas rasteiras que ocorrem nos campos de altitude é o vento, que é sempre intenso e constante o ano inteiro.


Ainda, hoje, estes campos naturais vêm sendo utilizados para criação de gado, cuja degradação causa um enorme prejuízo para a sociedade (destruição do patrimônio natural, das nascentes e rios que afetam a produção de água que abastecem grandes cidades).


Outro gravíssimo problema são as queimadas criminosas para a substituição da vegetação nativa por pastagens e reflorestamento de pinus. As queimadas atingem até mesmo as áreas protegidas por proprietários particulares. Aliás, essas áreas protegidas são também afetadas pelas plantas invasoras como o próprio pinus que está se tornando um problema muito sério e sua remoção envolve custos elevados e nem sempre é simples, sobretudo em áreas de escarpas (área com alta declividade).

Além de todos esses problemas há ainda a prática de mineração para exploração de caulim (utilizado na indústria de cerâmica), que causa danos irreversíveis. O caulim é lavado no próprio local de extração e os tanques de contenção freqüentemente se rompem contaminando os rios, exterminando com toda a fauna aquática.


3.4 RESTINGA

A Restinga é um ecossistema da Mata Atlântica que ocorre na região litorânea. É o mais ameaçado, restando pouquíssimas áreas, por causa da exploração imobiliária para casas de veraneio. Apresenta a vegetação com três tipos gradativos de crescimento.

Junto à praia, em áreas sujeitas a ação direta dos ventos, marés, chuvas e ondas, existe um tipo de vegetação que se forma para proteger as dunas, chamada restinga de litoral. Na restinga de litoral poucas plantas conseguem se desenvolver, apenas vegetação rasteira, alguns capins e cipós que são adaptados ao sal e a areia lançada pelo vento.

Caminhando em direção ao interior, é possível observar a vegetação arbustiva da restinga, com folhas também adaptadas aos fatores ambientais, com caules duros e retorcidos e raízes com grande poder de fixação no solo arenoso.

Subsequente a vegetação arbustiva, desenvolve-se a restinga de interior, também conhecida como floresta de Restinga. A restinga de interior é composta por vegetação mista, nela podem ser encontradas árvores, arbustos, trepadeiras, epífitas, samambaias e muitas bromélias, que se desenvolvem no chão, colonizando extensas áreas. O olandi (Callophillum brasiliensis) se destaca entre muitas espécies de árvores encontradas na floresta de Restinga.

O relevo da restinga é plano, seus rios são lentos e tortuosos. Suas águas apresentam característica única, com coloração avermelhada e pH ácido, devido ao excesso de matéria orgânica morta. Em determinada época do ano, em conseqüência das chuvas mais intensas e
freqüentes, a restinga de interior fica inundada.

A fauna de restinga apresenta grande diversidade de espécies, desde microrganismos até mamíferos de grande porte. Pode-se destacar a presença de uma espécie de fungo luminescente, encontrado somente na floresta de Restinga. Anfíbios, como a perereca-de-capacete e o sapinho- de-restinga dependem exclusivamente deste hábitat para sobreviver.

Devido à exploração imobiliária, agropecuária, agricultura, mineração (extração de areia para indústria de vidros e construção civil) e os reflorestamentos de pinus esse ecossistema vem sendo destruído a cada ano que passa, tornando-se um dos mais ameaçados.


3.5 MANGUEZAIS

Ecossistema característico de regiões tropicais, constantemente exposto ao regime de marés, dominado por espécies típicas, que apresentam uma série de adaptações às condições existentes neste ambiente. O litoral norte de Santa Catarina, sobretudo a baía da Babitonga, em Joinville e Araquari, é rico em manguezais. Áreas com mangues também ocorrem na foz do rio Itapocu.

Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de organismos (peixes, crustáceos etc.) que se reproduzem nestes locais. Neles, os filhotes também são criados, como no caso de camarões, algumas espécies de peixes e aves. Entre as espécies de aves estão os colhereiros, os socós e os martins-pescadores.

Ao contrário das outras florestas, nos manguezais não há muita riqueza de espécies, porém são destacados pela grande abundância de populações que neles vivem.

Entre as espécies da fauna nativa que habitam os manguezais destacam-se:

Caranguejos - vivem em enormes populações nos fundos lodosos, são mais ativos durante a maré baixa;

Ostras, cracas e mexilhões - podem ser encontrados em troncos submersos, alimentam-se de partículas suspensas na água;


Aves comedoras de peixes e invertebrados marinhos - costumam alimentar-se durante a maré baixa, quando os fundos lodosos ficam expostos;

Mamíferos - podem ser citados o mão-pelada e o quati que se alimentam de caranguejos e a lontra que é uma hábil pescadora.

Os manguezais vêm sendo degradados diariamente pela ação e ocupação do homem, através do despejo de esgotos sanitários, industriais e agrícolas, bem como através da construção de rodovias e a exploração imobiliária.


4 - INTERAÇÃO DOS ANIMAIS COM A FLORESTA

Durante milhões de anos as plantas e animais da Mata Atlântica desenvolveram uma estreita, bastante complexa, mas harmoniosa relação, que possibilitou a sobrevivência das espécies. Desta relação foram constituídos os ecossistemas, que se mantém em perfeito equilíbrio. No entanto, a intervenção humana nestes ecossistemas tem rompido este tênue equilíbrio. A simples coleta de frutos na floresta, como por exemplo a castanha-do-pará, provoca grandes desequilíbrios a longo prazo, conforme comprovado cientificamente, já que deixa os animais sem comida e estes desaparecendo não haverá mais a dispersão das castanheiras na floresta; a coleta de orquídeas por exemplo, pode exterminar, numa determinada região, algum inseto que específico para polinizar a flor de uma árvore da floresta, e sem polinização não haverá frutos o que provocará o extermínio desta espécie de árvore e morte de muitos animais que se alimentam de seus frutos. A atividade de apicultura em áreas preservadas, aparentemente inofensiva, pode provocar o desaparecimento de muitos insetos da nossa fauna, devido à competição por néctar e pólen com as abelhas africanizadas, introduzidas no Brasil.

A interdependência das plantas e animais pode facilmente ser notada em muitos exemplos. A dispersão das sementes é uma delas. A árvore dá o fruto para alimentar o pássaro, por exemplo, e este, ao ingerir o fruto, dispersa a semente, para bem longe da árvore mãe, pois é importante que as sementes não germinem logo embaixo da árvore para não competir com ela própria.

Há espécies de plantas que não precisam de animais para dispersar suas sementes. Estas plantas desenvolveram outros mecanismos, como o vento. Mas a dispersão por animais ocorre para a maioria das espécies de plantas. Entre as árvores da Mata Atlântica, por exemplo, mais de 90% das espécies precisam de animais para dispersar suas sementes. Além disso, aquelas que têm suas sementes dispersadas pelo vento podem depender dos animais, insetos geralmente, para a polinização.

O cipó-mil-homens (Aristolochia triangularis; Família: Aristolochiaceae) é um exemplo de planta que tem suas sementes dispersadas pelo vento, mas depende de insetos para polinização.

As orquídeas são outro exemplo de plantas cujas sementes são dispersadas pelo vento, mas a polinização é por insetos, para a qual as orquídeas desenvolvem estratégias altamente sofisticadas como os mais variados perfumes e armadilhas para forçar o inseto a transportar o pólen de uma flor para outra.

Algumas árvores da Mata Atlântica desenvolveram uma relação tão estreita com os animais que podem ter um inseto específico para realizar sua polinização, que pode ser uma espécie de abelha silvestre, por exemplo. Sua flor pode ser tão delicada que somente aquela espécie pode realizar o serviço. Então, quando o homem introduz abelhas africanizadas com o propósito de produzir mel, estas podem competir e exterminar com a abelha nativa ou estragar a flor (por causa do tamanho), provocando o declínio da população daquela espécie de árvore e seu conseqüente extermínio na região a longo prazo (que pode demorar séculos), rompendo com o equilíbrio de toda a floresta (ecossistema).

No caso da dispersão das sementes, há casos também de árvores que têm um animal específico ou preferencial, de modo que, como no caso da abelha nativa, citada acima, se um desaparecer, o mesmo acontece com o outro. Por isso a caça de animais silvestres, como a paca e a cotia, acarreta grandes desequilíbrios na floresta, já que estes animais são dispersores preferenciais de muitas espécies de árvores.

O serelepe é também um grande dispersor da semente (coquinhos) do coqueiro-jerivá e do ticum. Ele esconde parte das sementes, enterrando-as, para comê-las depois. No entanto, ele esquece algumas e assim possibilita que germinem.

A DISPERSÃO (sementes) e a POLINIZAÇÃO são as dependências mais diretas que as plantas têm dos animais. Mas ocorrem outros tipos de dependências bem mais complexas, como as relações de presas-predadores (as aves controlando a população de insetos que atacam as plantas, como as lagartas, por exemplo), as relações de simbiose (um beneficiando o outro), como a relação da formiga e da embaúba.

A DISPERSÃO das sementes e a POLINIZAÇÃO das flores são as dependências mais diretas que as plantas têm dos animais.

5 - AÇÕES DO HOMEM CONTRA A MATA ATLÂNTICA

A mata virgem era caracterizada pela imensa diversidade biológica, pela presença de árvores altas e grossas e principalmente pelo equilíbrio entres as espécies. As ações do homem têm transformado estes ecossistemas antes intocados.

5.1 TIPOS DE FORMAÇÕES FLORESTAIS

Floresta Primária
A floresta primária é aquela caracterizada pela pouca interferência humana, com atividades do extrativismo do palmito e madeiras (corte seletivo de algumas espécies de árvores de grande valor comercial), por exemplo. Infelizmente, não temos mais florestas intocadas. Até nas regiões mais inacessíveis o homem deu um jeito de retirar alguma coisa. Certas espécies centenárias e raras na Mata Atlântica apresentam uma relação altamente complexa com animais (dispersores e polinizadores), plantas e microorganismos. Daí uma das razões da espécie ser rara, sendo totalmente desaconselhável seu abate para aproveitar a madeira.

A contínua e crescente devastação das florestas para agricultura, pastagens, reflorestamentos e implantação de loteamentos reduziram as florestas primárias a poucos e pequenos fragmentos de mata, cujas conseqüências para o próprio homem poderão ser catastróficas a médio e longo prazo (como secas severas, pois as florestas exercem forte influência sobre a quantidade e regularidade das chuvas).

Floresta Secundária

A floresta secundária é aquela que resulta de um processo de regeneração natural em áreas de floresta primária que foram totalmente desmatadas.

A grande maioria de remanescentes de Mata Atlântica existentes em todo país são de florestas secundárias, que se regeneraram de forma natural, pelo simples abandono.

No entanto, em certos locais, a invasão de taquarais, bambus (muitas vezes exóticos) e samambaias impedem a regeneração das florestas. O simples corte seletivo de árvores abre clareiras que favorecem o desenvolvimento dessas plantas que colonizam a área e começam a se alastrar e engolir lentamente toda a floresta. É o caso do taquaruçu, por exemplo, que vai sufocando as árvores centenárias em florestas primárias, aniquilando com a biodiversidade.

Esse ecossistema tem papel fundamental nos efeitos climáticos, mas em termos de biodiversidade, a floresta secundária tem 50% menos espécies que a floresta primária.

5.2 ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DE UMA FLORESTA SECUNDÁRIA

As florestas secundárias são classificadas de acordo com os estágios de regeneração:

• Estágio inicial de regeneração:

Surge logo após o abandono de uma área degradada. Predominam espécies pioneiras, de crescimento rápido e de vida curta, além de capins e samambaias de chão.

As espécies encontradas no estágio inicial de regeneração estão adaptadas a sobreviver em um ambiente com solo pobre em nutrientes e de insolação direta. Quando adultas, criam um ambiente sombreado e fresco para o restabelecimento da floresta definitiva. É importante ter em mente que o plantio de árvores nativas é completamente desnecessário e desaconselhado em nossa região, haja vista o risco de introduzir variedade de uma mesma espécie de outra região (misturar populações de uma mesma espécie já selecionadas pela natureza durante milhões de anos). Plantar árvores é função da fauna e do vento. O mais importante é proteger as áreas remanescentes e a fauna.

• Estágio médio de regeneração:

As espécies predominantes são, normalmente, pioneiras na fase adulta. No piso da floresta, uma pequena camada de serapilheira é encontrada, esta se decompõe, nutre o solo e favorece o desenvolvimento de espécies definitivas. Na nossa região a espécie de árvore de ocorrência predominante neste estágio é o jacatirão, que facilmente pode ser reconhecido pela sua floração bastante intensa, cujas flores apresentam uma variação de cores que vai do branco ao lilás. O jacatirão vive no máximo 20 anos. Crescimento rápido e vida curta são características das árvores pioneiras que deixam o ambiente propício para o início do desenvolvimento das árvores definitivas, com crescimento lento, mas vida muito longa, centenas de anos.

• Estágio avançado de regeneração:

Predominam as espécies definitivas, de crescimento lento e de vida longa. Neste estágio, as camadas da floresta são bem definidas.

Desmatamentos e Contaminação Biológica: ameaças para a Mata Atlântica.

5.3 DESMATAMENTOS

O Brasil já se tornou o centro das atenções internacionais, de forma muito negativa, pois conquistou o título de campeão mundial em desmatamentos. A Mata Atlântica é um dos ecossistemas que vem sofrendo diariamente com esta destruição, sendo classificado pela UNESCO, órgão da ONU, como o ecossistema mais ameaçado do planeta.

A cultura de fumo, os reflorestamentos, a exploração madeireira, as queimadas, a especulação imobiliária e a pecuária contribuem enormemente com o desmatamento das florestas.

A destruição da Mata Atlântica é permitida, com o pretexto de ampliar as áreas de cultivo e a exploração econômica, porém, esta destruição em nada diminui a fome e a miséria em nosso país.

5.4 CONTAMINAÇÃO BIOLÓGICA

O que é contaminação biológica? Espécies de flora e fauna trazidas pelo homem de outros países, que acabam dominando, competindo e eliminando espécies nativas.

A contaminação biológica é a segunda causa de perda de biodiversidade no mundo, depois da destruição e da degradação de habitat.

O pinus, o eucalipto, a taquarinha, o taquaruçu, a palmeira real, o lírio-do-brejo, o chuchu, a rã-touro-gigante, o caramujo-africano e o javali são apenas alguns exemplos de espécies que foram introduzidas na Mata Atlântica e que estão causando um grande desequilíbrio a esse ecossistema.


6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRANCO, Samuel Murgel. A Serra do Mar e a Baixada. São Paulo: Editora Moderna, 1992

FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA. Como Defender a Ecologia. São Paulo: Nova Cultural, 1998.

NEIMAN, Zysman. Era Verde? Ecossistemas Brasileiros Ameaçados. São Paulo: Atual, 1989.

HÖFLING, Elizabeth. Floresta Atlântica. Disponível em:  

MANTOVANI, Waldir. Restinga. Disponível em:  

CAVALCANTI, Klester. Mata Atlântica – Nem tudo está perdido. Disponível em:  

TONHASCA JR., Athayde. Os serviços ecológicos da Mata Atlântica. Ciência Hoje, vol. 35 . nº 205 – Junho 2004 Disponível em:



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