terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Almeida Garrett (Vida e Obra) - Biografia



Introdução

"Vivemos num século democrático. Tudo o que se fizer há-de ser com o povo e pelo povo ou não se faz"
A frase, da autoria do próprio Garrett, consta na peça Frei Luís de Sousa e descreve bem o pensamento político-ideológico do autor.
Os sentimentos nacionalistas e a celebração do Povo como entidade formadora da nacionalidade são "gostos da época, típicos do romantismo e surgem como reacção da intelectualidade europeia à política hegemónica e aglutinadora de Napoleão", segundo palavras da estudiosa Maria de Fátima Marinho.
Como liberal e romântico, Almeida Garrett também procurou no Povo as raízes da identidade nacional e a sua obra espelha o compromisso que assumiu com os valores, as tradições e a História do país.
O gosto do escritor pelo popular evidenciou-se sobretudo na recolha que fez dos contos e tradições populares, reunidos em poesia no Romanceiro. Um trabalho muito próximo da etnografia e de que Garrett foi pioneiro em Portugal.
No entanto, o Povo de Garrett, como faz questão de evidenciar, "é um povo idealizado, inspirado nos valores do romantismo, que não são genuinamente os valores do povo real, ignorante e faminto".
Todavia Garrett foi, sobretudo, um ideólogo da burguesia liberal e os livros que escreveu demonstram o seu empenho na reforma político-social e cultural da sociedade portuguesa.


Romantismo

O Romantismo é um movimento cultural que surgiu na Europa e nos Estados Unidos da América a partir da segunda metade do século XVIII.
Romantismo deriva de "romance" (história de aventuras medievais), o qual teve uma grande divulgação no final dos anos setecentos, respondendo ao crescente interesse pelo passado gótico e pela nostalgia da Idade Média. Muito variada nas suas manifestações, esta corrente sustentava-se filosoficamente em três pilares: o individualismo, o subjectivismo e a intensidade.
O Romantismo português tem de ser enquadrado no cenário das guerras liberais . Forma-se à luz dos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. É, pois, investido de uma dimensão idealista. Deve ainda referir-se que os nossos primeiros grandes românticos foram exilados políticos e contactaram, na Europa, com outros escritores já empenhados na difusão das normas da nova estética.
Costuma datar-se o início do Romantismo em 1825 com a publicação, em Paris, do poema Camões de Almeida Garrett. Todavia, esta obra não teve sequência imediata e é mais correcto datá-lo em 1836, ano de publicação de A Voz do Profeta de Herculano. Este é também o ano em que Passos Manuel, chefe do governo Setembrista, abre caminho à reforma do teatro português por Garrett.
O Romantismo é completamente o oposto da corrente anterior – o Classicismo. Representa, na literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa que, na época, estava em ascensão. A literatura, portanto, abandona a aristocracia para caminhar ao lado do povo, da cultura leiga. Por esse motivo, acaba por ser uma oposição ao Classicismo. Ao Romantismo cabe a tarefa de criar uma linguagem nova, uma nova visão do mundo, identificada com os padrões simples de vida da classe média e da burguesia.
A arte romântica inicia uma nova e importante etapa na literatura, voltada para os assuntos do seu tempo – revoluções sociais e políticas, esperança e paixão, luta e rebeldia — e o quotidiano do homem burguês do século XIX; retrata uma nova atitude do homem perante si mesmo. O interesse dessa nova arte está voltado para a espontaneidade, os sentimentos e a simplicidade – sendo, assim, subjectiva e opondo- -se, desse modo, à arte clássica que cultivava a razão, isto é, a realidade objectiva.

Época Política em Portugal

Liberalismo em Portugal
O liberalismo começou a ganhar terreno em Portugal quando o regime absolutista do antigo regime entrou em crise. Esta crise prendia-se com a manutenção da preponderância social da nobreza; o exacerbado protagonismo da colónia brasileira relativamente à metrópole; e o carácter "sagrado" da realeza portuguesa.
A descrença neste regime político passava também pela propagação na Europa da ideologia revolucionária francesa, desde o final do século XVIII; as consequências das Invasões Francesas (1807-1810); a perda progressiva do Brasil (1808-1822); a débil estrutura económica; os resultados das guerras peninsulares que reafirmaram o poderio inglês; e o conservadorismo da decadente estrutura social portuguesa.
A primeira experiência liberal portuguesa, atribulada e pouco homogénea, encontrava- -se apartada do contexto europeu. Este distanciamento não só tinha a ver com a sua situação geográfica, mas sobretudo com o seu atraso ao nível mental, social e económico.
Estes factores atrasaram a adopção da nova ideologia, introduzida inicialmente nos meios burgueses as grandes cidades, onde este novo ideário político colhia mais adeptos.
Os principais promotores desta revolução liberal burguesa foram Manuel Fernandes de Tomás, José da Silva Carvalho e José de Ferreira Borges, os homens que tiveram um papel preponderante na evolução política de Portugal.
O primeiro fôlego liberal está intimamente ligado a um movimento intelectual associado ao pensamento iluminista da época das Luzes; com a maçonaria, uma sociedade secreta, que veiculava algumas correntes iluministas nas grandes cidades abertas ao exterior; e com uma nova mentalidade pré-romântica, que nascia nos meios burgueses.
Os militares portugueses encontravam-se numa situação difícil de gerir, pois estavam fortemente envolvidos em actividades revolucionárias ou contra-revolucionárias. A eles se deve a proclamação da extinção do regime absolutista, no Porto, a 24 de Agosto de 1820, pela guarnição militar da cidade. Como motivação próxima desta revolta temos a reacção ao domínio britânico, que se fez sentir depois da expulsão dos exércitos franceses (1810); como motivação de fundo, aponta-se a tentativa de reestruturação socioeconómica da nação num novo quadro político.
No "Relatório acerca do Estado Público de Portugal" da autoria de Fernandes Tomás, lido perante as Cortes Constituintes, reunidas pela primeira vez, em 1821, estão implicitamente enunciados os principais pontos do projecto liberal.
A situação da agricultura nacional era, segundo os liberais, calamitosa, sintetizada por um grande défice cerealífero; só o vinho, exportado largamente para a Europa e Brasil, se evidenciava como um produto rentável. Os forais eram considerados uma fonte de problemas e a supressão das ordens religiosas que se viria a registar em 1834 uma necessidade. O comércio vivera melhores dias com D. Maria, mas agora debatia-se com a falta de aproveitamento das vias fluviais, estava preso pelas taxas e municipais, que afectavam a livre circulação. A solução desta crise comercial já não passava pela aposta no Brasil; a nova esperança de renovação comercial repousava na aposta africana de Sá da Bandeira (1836) e na implementação de um programa de desenvolvimento dos transportes internos de Costa Cabral (1842-1846) e dos caminhos-de-ferro de Fontes Pereira de Melo, a partir de 1853.
As fábricas eram outro dos problemas a resolver. Este assunto foi debatido nas cortes; a questão do maquinismo e das manufacturas só viria, no entanto, a ser aprofundada durante o Setembrismo (1836). Quanto ao tesouro, este encontrava-se esgotado.
A Constituição de 1822 e as que se seguiram contêm os mais importantes princípios liberais: o direito à propriedade individual, onde assentam as liberdades individuais do cidadão; e o reconhecimento da nação portuguesa, considerada o conjunto dos portugueses "de ambos os hemisférios", isto é, numa alusão colonialista, primeiro o Brasil e depois o sonho africano, presente, como se disse, a partir de 1836.
A experiência liberal portuguesa, depois da legislação de Mouzinho da Silveira e da vitória liberal na guerra de 1832-1834, traduziu-se na transferência da propriedade, pertencente anteriormente às ordens religiosas, para uma nova burguesia ligada às actividades financeiras e sedenta de ascensão nobre. A pequena burguesia, interessada nas actividades industrial e artesanal, cedo se desiludiu com o advento do liberalismo; o povo não teve direito a muitas liberdades; ao longo do século XIX continuava a sua saga de emigração para o Brasil, procurando na ex-colónia a oportunidade de uma vida melhor.
No século XIX, no seio da burguesia intelectual, surgiu uma mentalidade romântica de valores liberais. Esta mentalidade está bem patente nas Cortes Gerais e nas obras literárias o Retrato de Vénus (1821) e Catão (1821) do multifacetado Almeida Garrett. Na pintura e na música esta mentalidade faz-se sentir na Alegoria do artista António Domingos Sequeira e nos hinos (Gratidão) e missas do músico João Domingos Bomtempo. Alexandre Herculano, o romancista e historiador, e Almeida Garrett, o jornalista, dramaturgo e político, são as figuras mais destacadas no panorama romântico nacional, exercendo uma forte influência na cultura oitocentista portuguesa, neste contexto liberal, oferecendo-nos duas perspectivas muito distintas, mas ambas decisivas, fundamentadas em diferentes experiências vivenciais.
Guerra Civil em Portugal (1832-1834)
Após a revolta de 1820, que implantou o liberalismo em Portugal, o país irá conhecer um longo período de instabilidade política, ditado pela oposição entre as facções liberais e as absolutistas e conservadoras. A monarquia constitucional teve dificuldades em se implantar, em parte devido às mentalidades enraizadas, que se opunham vivamente às mudanças jurídicas necessárias à instituição de uma nova ordem social, política e económica. Apesar de se verificarem mudanças nas posições sociais, a mentalidade continuava presa aos antigos moldes. Mesmo enfraquecida, a nobreza era regenerada a partir do exterior, através dos burgueses recém-titulados que perpetuavam a velha ordem. As camadas populares, em particular as rurais, em nome das quais havia sido feita a revolução, continuavam empobrecidas e fracas, conformadas com o seu destino. Este estado de coisas ajuda a esclarecer o tipo de reacções às medidas impostas pela legislação liberal, como a obrigatoriedade dos enterramentos em cemitérios ou a abolição dos dízimos, e também o eco que o ideário absolutista monárquico tinha numa grande parte da população portuguesa.
Assim se explica o golpe de D. Miguel, em 1823 (Vila-Francada), reprimido de forma pouco decidida por D. João VI (1767-1826). Tal facto levou a uma nova conspiração em Abril de 1824 (Abrilada), em que o príncipe D. Miguel, apoiado na rainha D. Carlota Joaquina, sua mãe, pretendeu restaurar a monarquia absolutista. O golpe terminou com o exílio do príncipe, mas as sementes da discórdia estavam lançadas. A atitude pouco enérgica do rei, por um lado, e as contradições políticas e sociais do liberalismo, por outro, deixam espaço para dúvidas que vão resultar numa guerra civil após a morte do monarca, em 1826. D. Miguel, regressado do exílio, decide assumir o poder em nome de D. Maria da Glória (futura D. Maria II), filha de D. Pedro IV, chegando ao país em 1828, sendo entusiasticamente recebido pela população. Poucos meses depois faz-se proclamar rei absoluto, desrespeitando o que havia prometido ao imperador brasileiro.
A guerra civil iniciou-se em Julho de 1832, com o desembarque das tropas liberais de D. Pedro IV no Mindelo, às quais se juntaram muitos liberais, que conspiravam no país e no estrangeiro. Após dois anos de lutas intensas, em que as tropas miguelistas revelam as suas fraquezas, a guerra civil termina no Alentejo com a assinatura da Convenção de Évora Monte (26/5/1834). D. Miguel foi afastado de cena mas o seu fantasma permanecerá através dos partidários do absolutismo e da velha ordem.
O liberalismo português não conseguia vencer as suas próprias contradições internas auto-gerando crises políticas, como a de Setembro de 1836 (pelos Setembristas, liberais radicais de esquerda), que voltou a adoptar a Constituição de 1822. O texto constitucional que a veio substituir, jurado em 1838, avançava na direcção de um maior liberalismo, pondo de lado o poder da realeza e alargando o direito de voto a um maior número de pessoas. Contudo, o Partido Setembrista acabou por se diluir nas forças moderadas, levando a que em 1848 Costa Cabral restaurasse a Carta Constitucional. Apenas os mais extremistas levantaram a voz contra este processo, como foi o caso do conde de Bonfim, líder da revolta militar de Torres Novas, em 1844, que falha por falta de apoio militar e popular, mas que é sintomática do estado da nação.
A tensão recrudesce com o autoritarismo da política cabralista, com a acção intervencionista do Estado, ainda que num sentido moderno. Leis como a da saúde pública, de 18 de Setembro de 1844, dão origem a uma série de revoltas populares que ficaram conhecidas por Revolta da Maria da Fonte (1846). Na sua origem está a obrigatoriedade de enterrar dentro dos cemitérios, bem como o pagamento de taxas pelos serviços prestados, que levaram ao levantamento da população de Fonte Arcada, na Póvoa de Lanhoso, que se sentia atingida nas suas mais profundas crenças religiosas. Perturbados por uma conjuntura de crise de subsistência, provocada por maus anos agrícolas, pelo aumento dos preços dos cereais e pela baixa dos salários, os populares da Região Norte do país, aos quais se juntaram membros do clero, revoltaram-se de forma tumultuosa, pilhando e queimando as repartições à sua passagem, atitude compreensiva tendo em conta que ainda vigoravam os direitos senhoriais e que as novas leis punham em causa os direitos comunitários. A intervenção das tropas levou à organização do movimento popular em juntas, politicamente aproveitadas pelas forças setembristas, cartistas e miguelistas. O governo de Costa Cabral acabou por se demitir e a lei da saúde pública revogada.
No entanto, a instabilidade dos novos governos não apaziguou os ânimos dos revoltosos, em particular os miguelistas. A Emboscada, nome dado ao golpe da rainha D. Maria II, que, orquestrada por Costa Cabral, no exílio, assume o poder nas suas mãos revogando a lei eleitoral, exaltando ainda mais os ânimos, levou a que a junta do Porto se revoltasse. Esta junta era liderada por Passos Manuel e apoiava-se na Guarda Nacional, na Infantaria 6 e na Artilharia 3. Outras juntas seguiram o seu caminho, eclodindo uma nova guerra civil conhecida por Patuleia. Durante seis meses foram travados duros combates por todo o país, terminados apenas com a intervenção de tropas inglesas, no âmbito da Quádrupla Aliança, que dão a vitória à rainha. A Convenção de Gramido (30 de Junho de 1847) marca o fim da guerra e, após algumas hesitações, marca o advento de uma nova era para o liberalismo português, com a subida ao poder do Duque de Saldanha, que propõe uma política de regeneração para o país.


Vida de Almeida Garrett

João Baptista da Silva Leitão, a que só depois acresceram os apelidos com que se notabilizou (Almeida Garrett), nasce a 4 de Fevereiro de 1799 numa casa da velha zona ribeirinha do Porto, não longe da alfândega onde o pai possuía o cargo de selador-mor.
 A 10 de Fevereiro é baptizado na igreja de Stº Ildefonso. Filho segundo, entre cinco irmãos, de António Bernardo da Silva e de Ana Augusta de Almeida Leitão, família burguesa ligada à actividade comercial e proprietária de terras na região portuense e nas ilhas açorianas.
Infância repartida pela Quinta do Castelo, para onde a família se transferiu, e a do Sardão, ambas ao sul do Douro, no concelho de Gaia. Ao legado de velhas histórias e lendas populares das criadas Brígida e Rosa de Lima junta-se o preceptorado do tio paterno, bispo de Malaca, Frei Alexandre da Sagrada Família, e do materno tio João Carlos Leitão, formado em cânones e depois juiz de fora no Faial.
Em 1809 parte com a família para os Açores, antes que as tropas de Soult entrassem no Porto. Passa a adolescência na ilha Terceira, destinado à carreira eclesiástica, entre a escola régia do padre João António e as aulas do erudito Joaquim Alves a que a aprendizagem no seio familiar dava sequência. Chegou a tomar ordens menores com que, por intercedência do tio Alexandre, então bispo de Angra, deveria ingressar na ordem de Cristo. No entanto, desde cedo recusou prosseguir.
Em 1821 vai para Coimbra e matricula-se no curso de Direito. Ao contacto com os escritores das Luzes acresceu a leitura dos primeiros românticos, enquanto transformava em ardor revolucionário a rápida adesão às ideias liberais. A vivência académica seria determinante na sua iniciação política e filosófica. Ainda estudante, participa no movimento conspirativo que conduziria à revolução de 1820. Paralelamente despontava, irreverente, a vocação literária: no ano seguinte surgia o seu primeiro livro, O Retrato de Vénus, um ousado poema que lhe mereceu um processo em tribunal.
Em 1823, após a subida ao poder dos absolutistas, é obrigado a exilar-se em Inglaterra onde inicia o estudo do romantismo, movimento artístico-literário então já dominante na Europa.
Regressa em 1826 e passa a participar na vida política aplicando-se em trabalhos políticos que fixaram as bases de doutrinação liberal por que irá pautar toda a sua posterior carreira de «homem público».
No período conturbado que se seguiu, o trajecto pessoal do escritor (já casado com uma menina elegante, Luísa Midosi) entrelaça-se com a história política do Liberalismo. A revolução foi um breve momento de entusiasmo liberal, logo desfeito pela chegada ao poder da facção conservadora, que apoiava o Infante D. Miguel.
No entanto em 1828 é obrigado a exilar-se novamente depois da contra-revolução de D. Miguel. No entanto, o escritor encontra na circunstância penosa do exílio uma oportunidade intelectualmente vantajosa. A permanência em França e Inglaterra permitiu-lhe conhecer o movimento cultural europeu, na sua dimensão artística e ideológica. A publicação (ainda em Paris) dos poemas Camões e Dona Branca – os primeiros textos românticos portugueses – constitui o resultado mais simbólico e expressivo dessa experiência. Seguiu-se a guerra civil, período em que ao novo rumo do gosto literário junta a pedagogia liberal de uma legalidade constitucional e de uma prática das liberdades, colaborando directamente nos primeiros monumentos legislativos do liberalismo e iniciando-se na carreira diplomática.
Em 1832, na Ilha Terceira, incorpora-se no exército liberal de D. Pedro IV e participa no cerco do Porto. Exerceu funções diplomáticas em Londres, em Paris e em Bruxelas. Após a Revolução de Setembro (1836) foi Inspector-geral dos Teatros e fundou o Conservatório de Arte Dramática e o Teatro Nacional.
Durante os anos 40, sob o regime autoritário de Costa Cabral, Garrett destaca-se na oposição; no entanto, o  entusiasmo e o fervor militante vão-se exaurindo, perante a instabilidade política, o materialismo triunfante e o próprio desvirtuamento do ideal liberal. Descontente com o devir da revolução, afasta-se da vida pública em 1847. Desse desencanto patriótico dão significativo testemunho algumas obras publicadas neste período, o mais fecundo da criação literária garrettiana (O Alfageme de Santarém, Frei Luís de Sousa, Viagens na Minha Terra e O Arco de Sant’Ana, por exemplo).
Em 1851 regressa ao Parlamento, já sob a acalmia política da Regeneração. Recebe nesta derradeira fase da vida alguns gestos oficiais de consagração: é feito visconde, em 1851 e nomeado Par do Reino, no ano seguinte; chega ainda a ocupar um cargo ministerial (Negócios Estrangeiros), de que seria demitido pouco tempo depois.
Irá falecer a 9 de Dezembro de 1854, vítima de cancro, em Lisboa, na sua casa situada na actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, depois de uma vida sentimental romanticamente atribulada: um casamento juvenil mal sucedido, com Luísa Midosi; a morte precoce da segunda companheira, Adelaide Pastor, que lhe deixa uma filha ilegítima; e por fim uma paixão adúltera, com a Viscondessa da Luz, celebrada em versos escandalosos.
Amante de prazeres mundanos, galante e apaixonado, foi sempre um conspícuo actor do palco social romântico, sabendo reverter em seu favor a imagem de dandy cosmopolita que sempre cultivou. No auge de uma carreira brilhante e de uma vida intensamente fruída, Almeida Garrett podia justamente orgulhar-se de ser (palavras suas)  «… um verdadeiro homem do mundo, que tem vivido nas cortes com os príncipes, no campo com os homens de guerra, no gabinete com os diplomáticos e homens de Estado, no parlamento, nos tribunais, nas academias, com todas as notabilidades de muitos países – e nos salões enfim com as mulheres e com os frívolos do mundo, com as elegâncias e com as fatuidades do século.»


A Obra

Tem o grande mérito de ser o introdutor do Romantismo em Portugal ao nível da criação textual - processo que iniciou com os poemas Camões (1825) e D. Branca (1826).
Ainda no domínio da poesia são de destacar o Romanceiro (recolha de poesias de tradição popular cujo 1.º volume sai em 1843), Flores sem Fruto (1845) e a obra-prima da poesia romântica portuguesa Folhas Caídas (1853) que nos dá um novo lirismo amoroso.
Na prosa, saliente-se O Arco de Sant'Ana (1.º vol. em 1845 e 2.º em 1851), romance histórico, e principalmente as suas célebres Viagens na Minha Terra (1846). Com este livro, a crítica considera iniciada a prosa moderna em Portugal.
E quanto ao teatro, deve mencionar-se Um Auto de Gil Vicente (1838), O Alfageme de Santarém (1841) e sobretudo o famoso drama Frei Luís de Sousa (1844).


Cronologia das Principais Obras

1820
Hymno Patriótico, Porto
1821
O Retrato de Vénus, Coimbra
1822
Catão, Lisboa
1825
Camões, Paris
1826
Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa (in Parnasso Lusitano), Paris; Dona Branca, Paris
1828
Adozinda, Londres
1829
Da Educação, Londres; Lírica de João Mínimo, Londres
1830
Portugal na Balança da Europa, Londres
1838
Um Auto de Gil Vicente
1841
Mérope – Gil Vicente, Lisboa
1842
O Alfageme de Santarém, Lisboa
1843
Romanceiro e Cancioneiro Geral, Lisboa
1844
Frei Luís de Sousa, Lisboa
1845-1850
O Arco de Sant’Anna, 2 vols, Lisboa
1846
Viagens na Minha Terra, Lisboa
1853
Folhas Caídas, Lisboa

Retrato

João Baptista da Silva Leitão, mais conhecido por Almeida Garrett, era um homem de estatura média, com boca e nariz grandes, mas que não desarmonizavam as feições do rosto que era comprido. Os olhos eram de cor verde-mar, grandes e cristalinos, límpidos e de um brilho ao mesmo tempo esplêndido e sereno.
Tinha a pele pálida e morena, realçando-lhe a cor preta da barba e a meia palidez do rosto num ar melancólico simpático. Usava cabeleira postiça desde muito jovem, em consequência de ter ficado com a cabeça defeituosa pela queda que dera de um cavalo, mas não era calvo, como muita gente pensava.
Os lábios eram delgados e quando conversava parecia pairar o sorriso de fina e delicada ironia, que lhe davam a pronunciada expressão de sabedoria, que a inveja e a ignorância traduziam por orgulho. Falava com extrema facilidade e singeleza, também lia admiravelmente e conversava com tanta amenidade e riqueza de engenho que a todos persuadia e cativava.
Tudo isto, fazia de Almeida Garrett um nobre dotado de um ar muito distinto e bastante agradável.


Conclusão

Ao elaborar este trabalho verifiquei que Almeida Garrett foi o impulsionador do Romantismo em Portugal e um dos escritores mais completos de toda a história de Portugal.
Apaixonado pelo belo e amante da liberdade, Almeida Garrett foi o escritor que melhor soube entender o mundo do seu tempo e deu-o a compreender aos vindouros.
A arte romântica inicia uma nova e importante etapa na literatura, voltada aos assuntos do seu tempo – efervescência social e política, esperança e paixão, luta e revolução — e ao quotidiano do homem burguês do século XIX; retrata uma nova atitude do homem perante si mesmo. O interesse dessa nova arte está voltado para a espontaneidade, os sentimentos e a simplicidade – sendo, assim, subjectiva -, opondo-se, desse modo, à arte clássica que cultivava a razão – realidade objectiva.
A arte, para o romântico, não se pode limitar à imitação, mas ser a expressão directa da emoção, da intuição, da inspiração e da espontaneidade vividas por ele na hora da criação, anulando, por assim dizer, o perfeccionismo tão exaltado pelos clássicos. Não há retoques após a concepção para não comprometer a autenticidade e a qualidade do trabalho.
Comprometido com o seu tempo e ávido de intervir nos destinos do país, Almeida Garrett não foi apenas escritor, mas também cronista, historiador, etnógrafo e crítico consciente. E os seus livros testemunham como poucos a época e o país em que viveu.


Bibliografia

Internet:
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_Garrett
. http://purl.pt/96/1/bio/biografia.html
. http://www.edusurfa.pt/area.asp?tipo=1&seccao=4&area=2&artigoid=153
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo
. http://martarib.tripod.com/rom_em_portugal.htm
. http://faroldasletras.no.sapo.pt/romantismo.htm
. http://www.arqnet.pt/portal/discursos/agosto01.html
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Portuguesa_%281828-1834%29
. http://www.infopedia.pt/$liberalismo-em-portugal
. http://www.suapesquisa.com/biografias/almeida_garrett.htm
. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/almeida-garret/index.php
Livros:
OLIVEIRA, Luís Amaro de – Frei Luís de Sousa. s.I Porto: Porto Editora, 2005



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